terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Partida

Esperando o ar sereno;
Sim, tão jovens... sorrisos tardios;
Verões incompreendidos;
Eu sei, sou de coração obsceno;
Fui-me na métrica da melodia;
Sem destino, sem chance;
Foi-se minha remendada fantasia;
Apenas o acaso memorizou os sonhos;
Gostaria de sentir como é minha vida?
Eu também...
Na luz, num tom sombreado distante.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Tão seu...

       Abandono em mim a vontade de ver a feliz cicatriz que minh'alma infere às minhas mãos trêmulas, surradas, segurando os medos que convém, esvaindo sonhos tão calejados. Meu espelho contenta-se com sorrisos mal pagos, incertos de sua volta, pedintes à sua vontade. 
        As coincidências não previram seus olhos, mas eles tem razão quando gritam que não aceito minha vaidade. Lágrimas vão ao chão, refrescam meu rosto. Coitado, não sabe perceber, salvar, perecer. Mas e se eu fosse a primeiro a mudar o que eu fiz? Quem eu seria? 
          Mas, se aqui, me espero, me atiro à sua condição. Dispenso a previsão, me atenho apenas ao show do temer. Tão displicentemente, apenas te queria cuidar, nas incertezas do acaso, apenas na espera do amanhã. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Amoroso

Escolhas internas;
Mortes incertas;
Valores furtados;
Primórdios esquecidos;
Orgulho perdido;
Por tí, até vendido;
Lágrimas imaculadas;
Insana esperança;
Amargura indefinida;
Tu, que minha, já fostes;
Só ao meu pulso, me restas;
Entregues aos ofícios roubados;
Prender-me à firmeza ou vender-me ao céu?
Medo, este, de jogar-me ao véu;
Amar-te no infinito;
Horizonte vulgar;
Tentei, mas agudas palavras vão nos separar;
Meu futuro conspirado.




quarta-feira, 25 de julho de 2012

Presente Descompassado

Francamente, a postura mantida;
Paga meu caminho mas dilui minha alma;
Insanidade, abandone-me... Suas lágrimas condenam minha falta;
Pinturas dissonantes ilustram o presente condensado;

Sentimentos decréptos, pulsos furtados;
Pormenores deste incrédulo século tocam minha nuca;
Estilhaços inocentes envergonham minha poesia;
Me movem depressa, tu me entendes;
O amargo vinho roubado guarda mentes doentes;
Medos tímidos traçam vidas dementes;

O pretérito não conjuga o futuro;
O presente desatina sob o suspiro;
Embrulhado no antigo jornal, a minha melodia adormece;
No nebuloso sono, chances padecem;

Impulsos secretados imprimem o caminho;
Descompassam os últimos versos;
Minha biologia se funde ao inconstante sacrifício;
Olhos invisíveis à cruz resistente;
Vida deslocada, não condizente ao meu ofício;

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O que faço com ela?

Aqui, em meu frágil peito, ela deitou;
Sua viscosa dívida, em foz, despejou;
Até que ela se levantou e disse:
"Estou faminta por diversão;
Vamos sair e pagar um anão."

O que faço com ela?

Segregado pela fagulha do desespero;
Morbidez de tuas emoções me despertaram;
Já queda livre, expulso da sagrada maravilha;
Os leões, já me passam em relento;
Vivo no imperfeito pretérito de meu travesseiro;

Respiros desconsolados, choros vendidos;
Teus males, destruiria com meu coração, sorrindo;
Mas, recusado, embrulhei-o no papel vagabundo;
Sim, aquele de palavras tripudiadas;
Doces lágrimas alcoolizadas embebiam arredios segundos de inverno;

Pegadas largadas, anos-luz de realidade;
Lábios deliciam-se na inverdade;
Falácias aprisionadas no teu medo;
O sonho se foi, mas o bebê é real;


 

domingo, 18 de março de 2012

Elas farão nossos túmulos

Sobre a areia, sobre a baía
"Há um jeito rápido e fácil, querido", você dizia
Antes que você demonstre
Eu prefiro deixar claro:
Eu não sou a luz que pensas que eu sou
E o filho nativo da desolação?
Não, ele não sorrirá para ninguém
E as garotas providas? 
Sim, elas farão nossos túmulos
Elas nos beijarão com seus poréns
Fim do ancoradouro, fim da quietação
Lágrimas secadas, coração selado
Mas aberto à tuas palavras de salvação
Não mais quero correr e roubar os cegos da velha estrada

Entrastes escondida em meu quarto
Vistes meu sorriso celibatário
Roubaste meus manchados desenhos
Sinto que não esperarás meu momento
Ela mescla um ser rude
E eu, pura delicadeza

Sobre a areia, sobre a baia
No nosso lugar, outro, ela volta a encontrar
Este pega e beija a sua mão
Um sorriso estupido volta a falar
Era o esperado
Não sou a luz que pensas que sou